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O VELHO E O MAR, Ernest Hemingway

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“…parecia a bandeira de uma derrota permanente.” Tenha essa imagem em conta ao ler a estória ” O velho e o mar”, Ernest Hemingway, em ‘ Isto não é uma resenha.”

Em 1950, Hemigway era considerado pela crítica um escritor “acabado”. Não tinha publicado nada desde “Por quem os sinos dobram”, em 1940.

“ O velho e o mar”, foi publicado primeiro na revista Life e depois em livro em 01.09.52, permanecendo 26 semanas na lista nos mais vendidos. Ganhou o prêmio Pulitzer em 1953 e, o Nobel de Literatura, em 1954.

Para quem aprecia Hemingway, em ” As ilhas da corrente”, também há um embate entre homem e peixe. Há maior flagrante entre a realidade e a ficção, onde o protagonista é um artista famoso que se refugia em convivência com o mar e com os pescadores. Os temas principais se mantém, a morte, a solidão, a velhice. É a despedida de Hemingway. Foi publicado postumamente, em 1970.

Alguns o definem como alegoria, outros parábola, mas indiscutivelmente, a obra é prima.

O leitor é o elemento fundamental da narrativa. É ele quem preenche as lacunas que a estrutura iceberg como chamava Hemingway, se dá. No que não está dito que a obra se completa com grande afinação.

Nesta estrutura narrativa, Hemingway só mostra uma parte da estória e, assim, consegue atrair tanto o leitor que se fica à superfície quanto aquele que busca algo a mais em seu sentido.

E, ambos, ficam surpreendidos com a narrativa.

Discutindo com um amigo admirável que o leu com a razão que lhe é peculiar, admira a estória pela técnica mostrada pelo pescador. O tipo de anzol usado, saber onde há cardumes pelo posicionamento das gaivotas.

Escolher o tipo de peixe para comer. O remendo das linhas, contar os dias pelo nascimento do sol, ” O sol estava nascendo pela terceira vez desde que se fizera ao mar quando o peixe começou a nadar em círculos.”

A espera do peixe, espera que ele comece a nadar em círculos e saber que esse é um sinal de seu cansaço. Para só em seguida, matá-lo. É uma das cenas mais rápidas da estória, já que não é exatamente a derrota do peixe o fim almejado pelo velho.

O respeito do menino pela sabedoria do velho. Sua preocupação em auxiliar o velho a continuar tentando.

Um clássico realmente acompanha nosso amadurecimento, enquanto pessoa e enquanto leitor.

Já tinha feito outras leituras. Mas, pela própria situação em que estamos, acredito que a estória de Santiago é necessária nesses nossos dias…

“O velho pensava sempre no mar como la mar (…). “

“Alguns dos pescadores mais novos (…), quando falam do mar dizem el mar , que é masculino. Falam do mar como de um adversário, (…)”

Santiago luta com o destino, e, a sua dignidade não está na vitória, mas na resistência.

“… e na sua luta não há pânico. Terá algum plano ou estará tão desesperado como eu ? “

Na solidão ante a luta, afinal, não estamos sós ante a morte ?

A dignidade da luta está na esperança de mudar o destino, a má sorte, através da perseverança.

“Posso aguentar tanto tempo como ele”, pensou o velho.

A sua resiliência e o orgulho em se lembrar de quando moço, ter enfrentado por horas um desafio e, ter, ganho, mas ter a percepção de ter extraído toda a autoconfiança e a honra do adversário. Em suas divagações, o velho se indaga em qual posição estaria nesse desafio com o peixe,

“…e na primavera houvera um desafio de desonra. Mas dessa vez houve poucas apostas e o velho venceu sem dificuldade, pois abalara a confiança do negro de Cienfuegos no primeiro encontro.” 

Ganhar é a ação própria que leva Santiago ao mar, a buscar soluções à sua condição ante o desafio e não se deixar vencer por um peixe que, de alguma maneira, é seu próprio reflexo.

“Não disse isto em voz alta, porque sabia que, se dissesse uma coisa boa, talvez ela não acontecesse.”

Não há derrota se há esperança. Há esperança se há força. Há força se houver determinação de resistir até o fim. Há uma imensa dignidade do que lutou até o fim, até as últimas consequências.

“Você está me matando peixe´, pensou o velho pescador. ´Mas tem todo o direito de fazê-lo. Nunca vi nada mais bonito, mais calmo ou mais nobre do que você, meu irmão.”

A grandiosidade do destino que continuamente nos lembra da nossa inferioridade, da fatalidade inerente à vida em si. Os tubarões atacam, primeiro aqueles respeitados, em seguida, pela escória. E toda derrota não é assim ? Vencidos pela superioridade e, depois fragilizados, pelos embusteiros e aproveitadores ?

“Fora bom demais para durar, pensou ele. Olhou para o grande peixe e viu que o tubarão se aproximava. ´Afinal podia ter sido um sonho´, pensou o velho. ´Não posso impedí-lo de nos atacar…”

Galanos. Todos os enfrentamos, todos os dias.

“Mas o homem não foi feito para a derrota, disse em voz alta. Um homem pode ser destruído mas nunca derrotado.”

Seu troféu, a espinha do peixe confundida com um tubarão? Independente do quê os outros acham, Santiago – o velho, provou para si e para Manolim, seu troféu.

“Meio peixe, falou ele. Peixe que você já foi. Tenho muita pena que tivéssemos ido para tão longe. A culpa foi minha. Arruinei a nós dois. Mas matamos alguns tubarões, você e eu, e ferimos muitos outros.”

Provou para si e para Manolim, para quem realmente importava. A morte do velho não é sinal de derrota, pelo contrário, morre realizado,

“O velho sonhava com leões”.

É uma vida realizada apesar da precariedade de sua vida, mas lembrando que, não havia muitas ambições e a vida que leva o satisfaz.

E, morrer vitorioso. A exaustão advinda da conquista.

A vida é uma batalha perdida – mas a luta é a nossa própria razão de existir.”

uma obra prima – o último livro do autor – ganhou o Pulitzer e o Nobel de Literatura

Bibliografia e referências:

https://www.instagram.com/albertllado/

revista cult – https://revistacult.uol.com.br/

Também publicamos no nosso instagram – https://www.e.lermogi.com.br

2 comentários

  1. Esse pensamento “é melhor morrer com glória a ser um fracassado vivo” me fez lembrar da história de Aquiles. Ele sabia que morreria na guerra de Tróia, mesmo assim resolveu ir para obter a fama, a grandeza, mas (em outra obra) se arrependeu, posteriormente, ao conhecer a morte.

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