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Isso não é uma resenha – literatura sul-coreana

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ISSO NÃO É RESENHA, É DISCUSSÃO analisa textos literários, as influências dos autores, seus personagens, cenas memoráveis, o retrato da época, a sociedade e o homem nela inserido.

A leitura deve implicar em ganhos diretos, não simplificá-las decodificando letras e organizando temporalmente os acontecimentos, como as inúmeras resenhas rasas que vemos todos os dias.

A leitura tem de respeitar o escritor, a literatura criada. Formando um leitor capacitado, com enriquecimento individual sustentável e exercício de observação e debate saudável.

Não deve nunca se limitar a número de livros lidos, mas o que aprendemos com cada livro que lemos. Cada escritor que conhecemos. Cada cultura e cada situação.

Não é possível, por exemplo, fazer uma resenha dos autores sul-coreanos, por exemplo, já que é muito mais intimista e rica.

Muitos tiveram contato com a Coreia do Sul, pelo filme ” Parasita”, de Bonj Joon-ho, ganhador de vários prêmios inclusive, o Oscar por melhor filme, melhor roteiro original, melhor diretos, melhor filme estrangeiro.

Mas já tinha me aventurado na literatura sul-coreana, Começando NÃO É RESENHA, É DISCUSSÃO, com o livro

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“O bom filho”, You-Jeong Jeong

Meu primeiro contato foi com o livro ” O Bom Filho”, de You-jeong Jeong, escritora brilhante, publicado pela Editora Todavia_ https://todavialivros.com.br/, em julho de 2019.

Digamos que é um belo impacto.

A narrativa é diferente, foi vai se habituando com os costumes, com a cultura, com a paisagem, é tudo muito novo, mas surpreende pela crueza, pelos sentimentos extremados.

A vida difícil, quando não pelo dinheiro, pelo trato, pela dinâmica familiar e da própria sociedade. É muito mais intimista.

Pode-se categorizá-lo como um thriller, sombrio e surpreendente. O protagonista tem interrompido seus projetos pela doença e os remédios que previnem os ataques cobram um preço alto, mas, ele não se entrega, escondido mantém suas atividades físicas.

São elas que mantém sua sanidade, lhe trazendo força.

Suas limitações lhe incomodam muito, mas sua família é amorosa e se preocupa. Num período de férias a família viaja para um ambiente lindo, paradisíaco, aberto à natureza, mas que é mutilado e manchado.

A estória é uma busca à memória do dia e noite anterior, um thriller psicológico e um mergulho no que há de mais sombrio na alma humana. A cada resposta abrem-se mais perguntas, encontrando o terror onde menos se espera.

NÃO É RESENHA, É DISCUSSÃO, amou e recomenda,

não é resenha é discussão
Surpreendente e inesquecível

“A vegetariana”, de Han Kang

Em seguida, pela mesma Editora Todavia_ https://todavialivros.com.br/ , li ” A vegetariana”, de Han Kang

“A vegetariana”, de Han Kang, 2016,  também lançado pela Editora Todavia, em outubro de 2018, é ainda mais surpreendente que o livro anterior. 

A descrição no verso, ” Romance perturbador e único, a vegetariana tem sido apontado como um dos livros mais importantes da ficção contemporânea. Uma historia sobre rebelião, tabu, violência e erotismo escrita com clareza atordoante das melhores e mais aterradoras fábulas.”    

A descrição é mais do que perfeita. 

É tudo isso e muito, muito mais. 

A protagonista nos cativa, nos emociona, já que por mais que queiramos sobrepujar nossos medos e traumas, eles insistem em nos atormentar, ainda que inconscientemente, agimos ou não por causa deles.         

Os traumas exigem, num momento da vida, a resposta.  E a resposta da protagonista é tão surpreendente, tão firme, tão clara, que alcança todos aqueles que estão ao seu redor.   Vemos como cada um reage, e mesmo que não tenha concordado com o final, é essa a realidade.  Crua.

E, por último, O NÃO É RESENHA, É DISCUSSÃO, se surpreendeu ainda mais, com       

Qual o diferencial da literatura e dos filmes sul coreanos?

É essa crueza, essa realidade fria e sem perspectiva. A narrativa é magnífica, a estrutura desvendando aos poucos os traumas, as reações, a dinâmica da família é peculiar e sedutora, faz com que você idealize um final ” ideal” , mas da leitura e do final, percebe-se que não há ideal, só a realidade.

“Suas sandálias molhadas pelo orvalho deixaram seus pés úmidos e gelados. Não teve vontade de chorar nem nada parecido, porque não compreendia o que queria dizer aquela sensação úmida, que se espalhara por seu corpo destroçado e subia por suas veias ressecadas. Simplesmente infiltrava-se na pele e chegava aos ossos.”

Pena não termos mais livros traduzidos para o português da autora, só em inglês, e, não precisa dizer que já encomendei todos na Noble&Barnes”, Human Acts: A novel”, de 2017, ” The white book”, de 2018.

E por último, NÃO É RESENHA, É DISCUSSÃO apresenta,

BYUNG-CHUL HAN

Bem, Byung-Chul Han nasceu na Coreia. Estudou filosofia na Universidade de Friburgo, Alemanha e Literatura Alemã e Teologia na Universidade de Munique. Hoje, mora em Berlim.

Doutorou-se em Friburgo e hoje, é professor de Filosofia e Estudos Culturais na Universidade de Berlim e autor de tratados filosóficos impressos em formato pocket, com no máximo 150 páginas, pela Editora Vozes, http://vozes.com.br/.

” Sociedade do Cansaço”, ” Sociedade da Transparência”, “No enxame – perspectivas do digital”, ” A salvação do belo”, ” Bom entretenimento – uma desconstrução da história da paixão ocidental”, são observações crus e reais da nossa atualidade.

Chegam a ser chocantes e não há como manter uma leitura contínua, já que muitos parágrafos nos impressionam de tal modo, que é preciso uma reflexão profunda antes de continuarmos.

” Viaja-se para tudo quanto é lugar sem se chegar a uma experiência. Conta-se sem parar, sem poder se narrar. Toma-se conhecimento de todas as coisas sem chegar a um reconhecimento” , ” No enxame”

ou, ” Mais informação não leva necessariamente a melhores decisões. A partir de um determinado ponto, a informação não é mais informação, mas sim deformadora, e a comunicação não é mais comunicativa, mas sim cumulativa.”, ” No enxame”

Suas divagações discutem Hanna Arendt, Michel Foucault, Heidegger, Baudrillard, Esposito.

Em sociedade do cansaço, ” Em tempos de carestia, a preocupação está voltada para absorção e assimilação. Em épocas de superabundância, o problema volta-se mais para a rejeição e expulsão.’

ou, ” A violência da positividade não é privativa, mas saturante; não excludente, mas exaustiva.”

Violência da positividade ! Surpreendente não, quer conhecer mais do autor ? https://pt.wikipedia.org/wiki/Byung-Chul_Han , já que não mantém redes sociais.

BORA LER.

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